TOM ZÉ - O Tom da Poesia da alma

Amigas e Amigos,

Ontem, dia 09 de maio de 2009, estava assistindo a um programa de televisão quando fui surpreendido com uma homenagem a TOM ZÉ. Linda homenagem, tirando a parte em que falam amigos e parentes ( pois é incrivel como Tom Zé viveu mais de uma decada no "ostracismo", todo mundo sabia disso, ninguem fez nada, o coitado ia ser gerente de posto..., depois de re-descoberto por um empresário/artista e lançado ao mundo, TODOS adoram! que ele é o máximo etc e tal, quando sua genializdade podia ser transformada em dinheiro fácil para os outros, não para o sustento do grande gênio....!).

Mas na verdade venho dizer aqui minha emoção com as quatro musicas interpretadas brilhantemente por cantores novos ou novos cantores. PERFEIÇÃO. Há anos, ou decadas, não me emociono ao ouvir uma interpretação. Todos foram perfeitos:

Rafael Augusto – Se o caso é chorar - Coloquei a letra anteriormente. Pura emoção, me emociono só de lembrar, como eu gostaria de ter aquela interpretação em cd......lagrimas, belas lagrimas me brotaram do brilho cristal da voz e da interpretação deste rapaz, se existe algo como Deus ou Orgasmo, foi este momento DIVINO EXTASE!

Thalita Pertuzzati e Jamérico Garcia – De: Terra Para: Humanidade
Melodia, interpretação emoção.... se a produção cuidasse melhor da roupa da cantora teriamos mais uma perfeição...

Eu sou a regra três
e sei que ela prefere
dar seu amor a um Deus
assim me trata mal
embora eu lhe dê do meu peito
alimento e sal
Vai coração, na cicatriz
(eu sou a regra três)
facas na mão
(e sei que ela prefere)
pingos nos is
(dar seu amor a um Deus)
vou explorir, não!
(assim me trata mal)
peraí, peraí
(embora eu lhe dê)
deixa assim
(meu peito)
deixa estar
(alimento e sal)
é melhor repensar
São tantos cios
lagos e rios
dou-lhe os pomares,
imensos mares,
meus arrepios.
No seu proveito
farei sobrar
ao sol me deito
e dou-lhe o peito
pra semear.
Ai ai ai Dindi,
aiai de mim.
Vai coração, na cicatriz
(reservo todo o ar)
facas na mão
(pois sei que ela não pode)
pingos nos is
(viver sem respirar)
vou explorir, não!
(o próprio sol também)
peraí, peraí
(transformo em substâncias)
deixa assim(vitais)
deixa estar
(com que ela se sustém)
é melhor repensar

Geisilaine – Teatro

Esta menina/adolescente não posso comentar. Presença de palco, interpretação , voz, mas tenho uma sensação de enjoo quando ela canta. Ainda assim cumpripu além do seu papel, foi muito profunda. Só não entendi ele dizer que era fã de Tom e nunca ter interpretado uma canção dele nas suas apresentações.....

Tem teatro no canto do bode,
Agora também no pagode.
...Que somente os dementes,
os loucos, os teatros,
Os corações, os quixotes, os palhaços,
Podem vencer os dragões aliados
Aos caminhões e aos supermercados.
E assim retornando essa doce loucura
Que o transe, o abandono e o delírio procura
Pra devolver ao amor plenitude
No êxtase ter-se outra vez a virtude.
Que a inocência, essência do sonho, devolva
Os sais abissais do amor às alcovas.
Desta casa onde casa e se cria
Um degrau
Da minha catedral
O teatro do ator que recria
Quixotes de Espanha
La Mancha e Bahia.
E pelo arauto
No alto do palco
Onde o mito vomita uma história
Que repete a estória da história.
O canto do bode
Espermatozóide
E o pagode na prece
Do samba-enredo reconhece
Que somente os dementes...

Felipe Haniel – São São Paulo

Este não falo por emoção! Não consigo transcrever o sentimento ao ouvi-lo interpretando algo que superou, arruinou, depôs, SAMPA......Me deu uma São Paulo a mais verdadeira tradução. Lagrimas e arrepios. Lagrimas de felicidade, prazer, incontrolavel.


São São Paulo (Tom Zé)

São São Paulo quanta dor
São São Paulo meu amor
São oito milhões de habitantes
De todo canto e nação
Que se agridem cortesmente
Correndo a todo vapor
E amando com todo ódio
Se odeiam com todo amor
São oito milhões de habitantes
Aglomerada solidão
Por mil chaminés e carros
Gaseados a prestação
Porém com todo defeito
Te carrego no meu peito
São São Paulo quanta dor
São São Paulo meu amor
Salvai-nos por caridade
Pecadoras invadiram
Todo o centro da cidade
Armadas de ruge e batom
Dando vivas ao bom humor
Num atentado contra o pudor
A família protegida
O palavrão reprimido
Um pregador que condena
Um festival por quinzena
porém com todo defeito
Te carrego no meu peito
São São Paulo quanta dor
São São Paulo meu amor
Santo Antonio foi demitido
E os ministros de Cupido
Armados da eletrônica
Casam pela tevê
Crescem flores de concreto
Céu aberto ninguém vê
Em Brasília é veraneio
No Rio é banho de mar
O país todo de férias
E aqui é só trabalhar
Porém com todo defeito
Te carrego no meu peito
São São Paulo
quanta dor
São São Paulo
meu amor

Nada melhor, que neste momento em que insistem em nos deprimir com as crises e gripes, podemos realizar a realidade, reviver a vida, reconstruir beleza nos sonhos palavras de Tom....em conselhos, relatos, vida, construção, emoção poetica

Beijos